A cada defesa, fortes
vibrações e gritos com as companheiras. Muitos abraços e carinho com as outras
atletas na hora de dividir as emoções do jogo. Esse é um pouco do jeito de ser
em quadra e fora dela de Mayssa Raquel de Oliveira Pessoa, goleira da seleção
brasileira feminina de handebol.
Mesmo começando os jogos na
reserva, Mayssa tem se destacado na equipe que está em franca evolução no
cenário mundial. Entra no segundo tempo e vira uma das protagonistas, como na
vitória de segunda-feira sobre Montenegro, por 27 a 25. Mas não reclama. E gosta
de entrar quando o jogo está tenso.
“Eu prefiro jogar depois,
gosto do jogo quando está apertado. Pressãozinha é bom”, diz a paraibana de 27
anos, natural de João Pessoa.
Mayssa é desenvolta e se
expressa de maneira enfática. Até para falar sobre o que para muitos é algo
delicado e muitas vezes camuflado, a homossexualidade. “É, é [verdade] sim”,
responde ao ser questionada se é homossexual. “Bom, eu sou bissexual”,
completou.
A goleira da seleção mora na
Europa há seis anos e joga na França. Lá, foi convidada para ser madrinha de um
torneio de homossexuais de várias modalidades. Aceitou, mas não pôde comparecer
em função de compromissos com a seleção.
Mas Mayssa acabou falando
sobre sua sexualidade para uma revista francesa sobre homossexuais. “Eles
fizeram matéria comigo e a gente conversou abertamente. Eu não escondo. Por que
vou esconder algo que eu sou? Por que vou esconder?”, repetiu.
Nem o fato de disputar os
Jogos Olímpicos faz a atleta deixar de lado seus ideais para evitar tocar no
assunto.
“É uma coisa normal da
sociedade. Se você é homossexual, tem que esconder e obrigatoriamente se casar
com um homem? Não. Se você é, tem que assumir. Não sou mais uma criança. Não
vou ficar escondendo porque vou jogar as Olimpíadas. As pessoas me conhecem.
Falei. Sou mesmo, abertamente, sem problema nenhum.”
Durante a conversa com o UOL
Esporte, que aconteceu após o jogo contra a Montenegro, Mayssa disse que sua
atitude pode ajudar a quebrar o tabu e medo que alguns atletas têm em revelar
sua sexualidade em um meio de grandes repercussões como o esportivo.
“[O esporte] é muito
preconceituoso. Entre os homens, principalmente, muitos têm medo. Mas consegui
tudo na minha vida e sigo conseguindo, e isso não influenciou em nada. Sou
homossexual? Sou. Tenho que aceitar isso e todas as pessoas me respeitam”,
falou.
Dentro do grupo, o impacto é
inexistente, pelo menos no contato fetivo observado da atleta com as demais. E
também pelo seu discurso direto, mas puro.
“Todas me respeitam. Meu
técnico sabe, todo mundo na França sabe. Cada um tem sua vida, ninguém paga
minhas contas”, finalizou.
“Eu prefiro jogar depois,
gosto do jogo quando está apertado. Pressãozinha é bom”, diz a paraibana de 27
anos, natural de João Pessoa.
Por José Ricardo Leite/Do
UOL, em Londres (ING)
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